João
Fisher nasceu em Beverley, na cidade de Yorkshire, na Inglaterra, no ano de
1469. Órfão de pai ainda pequeno, aos quatorze anos era o mais destacado
estudante do Colégio São Miguel. Quando completou vinte anos, era professor
daquele colégio. Em seguida, ingressou na famosa Universidade de Cambridge.
Dois anos depois, recebeu o diploma de doutor com louvor, foi ordenado
sacerdote e nomeado vice-reitor da referida universidade. Depois com uma
nomeação vitalícia como reitor, a partir de 1504.
Aos
trinta e cinco anos, foi eleito bispo de Rochester, dedicando-se muito à
função. Distribuía
esmolas com generosidade e as portas de sua casa estavam sempre abertas para os
visitantes, peregrinos e necessitados. Mesmo sendo bispo e chanceler da
universidade, levava uma vida tão austera como a de um monge.
Apesar
de todo o seu trabalho, estudava muito e escrevia livros. Seus discursos
fúnebres, da morte do rei Henrique VII e da própria rainha Margareth,
tornaram-se obras famosas. Quando Martinho Lutero começou a difundir sua
Reforma, o bispo Fisher combateu os erros da nova doutrina, escrevendo quatro
livros, que o tornaram famoso em todo o mundo cristão.
Em
1535, o rei Henrique VIII desejou divorciar-se de sua legítima esposa para
casar-se com a cortesã Ana Bolena. O bispo João Fisher foi o primeiro a
posicionar-se contra aquele escândalo, embora muitos outros ilustres personagens
da corte declarassem, apenas para agradar o rei, que o divórcio poderia ser
feito. Ele não; mesmo sabendo que seria condenado à morte, declarava a todos
que: "O matrimônio católico é indissolúvel e o divórcio não será possível
para um matrimônio católico que não se tenha anulado".
Entretanto
o ardiloso rei Henrique VIII conseguiu que o Parlamento inglês o declarasse
chefe supremo da Igreja na Inglaterra, em substituição ao papa da Igreja
Católica, com a aprovação de todos os que desejavam conservar seus altos postos
no governo. Porém João Fisher declarou no Parlamento que: "Querer
substituir o papa de Roma pelo rei da Inglaterra, como chefe de nossa religião,
é como gritar um 'morra' à Igreja Católica", e isto seria um erro absurdo.
Os inimigos o ameaçavam,
com atentados e calúnias. Como não conseguiram que o bispo deixasse de declarar
sua fé católica, foi preso na Torre de Londres. Tinha sessenta e seis anos,
porém os muitos anos de penitências, seus alunos, e o excessivo trabalho
pastoral faziam-no aparentar oitenta.
Ainda estava preso quando foi nomeado cardeal pelo papa Paulo III. Ao ser
informado, o rei exclamou: "Enviaram-lhe o chapéu de cardeal, porém não
poderá colocá-lo, porque eu lhe mandarei cortar a cabeça". E assim o fez.
A
sentença de morte foi comunicada a João Fisher, que foi executado no dia 22 de
junho se 1535. Antes
de ser decapitado, ele declarou à multidão presente que morria por defender a
santa Igreja Católica, fundada por Jesus Cristo, e o sumo pontífice de Roma.
Em seguida, os carrascos cumpriram a sentença.
Alguns dias depois,
seu amigo Tomás More, brilhante figura da história da humanidade e da Igreja,
também saía da Torre para morrer como ele, pela mesma causa. Em 1935 ambos foram
canonizados pelo papa Pio XI, que indicou o dia 22 de junho para serem
venerados.
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