Ranieri
Scacceri nasceu em Pisa, no ano 1118. Era filho único de Gandulfo e Emengarda,
ambos de famílias tradicionais de nobres mercadores riquíssimos. A sua educação
foi confiada ao bispo de Kinzica, para que recebesse boa formação religiosa e
para os negócios. Porém Ranieri, mostrando forte inclinação artística, preferiu
estudar lira e canto. E para desgosto dos pais e do bispo, seu tutor, ele se
entregou à vida fútil e desregrada, apreciando as festas da corte onde se
apresentava. Com isso, tornou-se uma figura popular e conhecida na cidade de
Pisa.
Aos
dezenove anos de idade, impressionado com a vida miserável dos pobres da cidade
e percebendo a inutilidade de sua vida, decidiu mudar. Contribuiu para isso o
encontro que teve com o eremita Alberto da Córsega, que o estimulou a voltar
para a vida de valores cristãos e a serviço de Deus. Foi assim que Ranieri
ingressou no Mosteiro de São Vito, em Pisa, apenas como irmão leigo.
Depois
de viver, até os vinte e três anos de idade, recolhido como solitário, doou
toda a sua fortuna aos pobres e necessitados e partiu em peregrinação à Terra
Santa, onde permaneceu por quase quatorze anos. Viajou por todos os lugares
santos de Jerusalém, Acre e outras cidades da Palestina, conduzindo a sua
existência pelo caminho da santidade. Foi nessa ocasião que sua virtude
taumatúrgica (capacidade de um santo
realizar milagres) para com os pobres passou a manifestar-se. Vestido com
roupas pobres, vivendo apenas de esmolas, Ranieri lia segredos nos corações,
expulsava demônios, realizava curas e conversões.
Já
com fama de santidade, em 1154 retornou a Pisa e ao Mosteiro de São Vito, mas
sempre como irmão leigo. Em pouco tempo, tornou-se o apóstolo e diretor
espiritual dos monges e dos habitantes da cidade. Segundo os registros da
Igreja, os seus prodígios ocorriam por meio do pão e da água benzidos, os quais
distribuíam a todos os aflitos que o solicitava, o que lhe valeu o apelido de
"Ranieri d'água".
Depois
de sete anos do seu regresso da longa peregrinação, Ranieri morreu no dia 17 de
junho de 1161. E desde então os milagres continuaram a ocorrer por sua
intercessão, por meio da água benzida com sua oração ou colocada sobre sua
sepultura.
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